Qual é o futuro do FM? Executivo da Infraspeak destaca evolução para inteligência preditiva

Durante décadas, a gestão de Facilities foi vista como uma área reativa, associada à ideia de “apagar incêndios”. Esse olhar, segundo Rui Santos Couto, VP de Marketing & Growth da Infraspeak, está em processo de ruptura. Hoje, empresas começam a compreender que Facilities têm impacto direto não apenas nos custos, mas também no compliance, na eficiência operacional e na experiência do cliente.

“Quando conseguimos antecipar problemas, reduzir paradas inesperadas e criar ambientes mais seguros e confortáveis, o FM deixa de ser apenas operacional e passa a ser estratégico”, afirma. A mudança, porém, ainda enfrenta barreiras importantes.

Por que a transformação digital falha

A Infraspeak acompanha há anos o desafio de digitalizar o setor. Apesar do entusiasmo em torno da chamada “Era da Inteligência”, Couto lembra um dado preocupante: 80% das empresas falharam ao tentar essa transformação.

Segundo ele, a questão não está na tecnologia em si mas em como ela é aplicada. “Muitas organizações simplesmente automatizam processos antigos, sem repensá-los de forma estratégica. A tecnologia, nesse caso, deixa de ser alavanca e vira um transtorno de implementação, com baixa adesão e pouco impacto.”

Os obstáculos mais comuns estão na fragmentação de sistemas e equipes, na resistência cultural à mudança e na falta de competências analíticas para transformar dados em decisões práticas. Para superá-los, é essencial que o gestor pense primeiro como um líder estratégico, e só depois adote tecnologia como ferramenta de execução.

Dados em tempo real: de recurso a diferencial competitivo

Na visão de Couto, dados confiáveis e em tempo real são o divisor de águas entre a gestão reativa e a gestão estratégica. “É a diferença entre operar com base em suposições e em fatos”, resume.

Essa mudança já tem efeitos práticos: dados permitem otimizar operações, gerar relatórios auditáveis, atender exigências de compliance em ESG e HSE, e criar benchmarks automáticos entre diferentes unidades.

Na plataforma da Infraspeak, por exemplo, anomalias podem ser detectadas manualmente, semiautomaticamente ou de forma automática, disparando fluxos de trabalho que evitam falhas críticas. Para o executivo, essa capacidade transforma o FM em um diferencial competitivo tangível, pois melhora a confiabilidade da operação e acelera a tomada de decisões em mercados de alta pressão.

Inteligência que evolui junto com o setor

A Infraspeak fala de inteligência no FM desde 2020, quando lançou a primeira geração do Gear AI. Na época, o objetivo era gerar alertas e sugestões a partir de dados operacionais. Hoje, a tecnologia chegou à terceira geração (Gear AI 3.0), capaz de prever eventos antes que aconteçam e sugerir ações de forma autônoma.

“O mercado está inundado de soluções que se dizem baseadas em IA, muitas vezes apenas conectadas a assistentes de texto. Nossa visão é diferente: queremos uma IA que automatize processos e torne o FM preditivo de verdade”, explica Couto.

O futuro, segundo ele, é uma gestão colaborativa e inteligente, em que diferentes atores (técnicos, fornecedores, gestores e até clientes finais) compartilham dados em tempo real, criando um ecossistema que aprende continuamente.

Europa x Brasil: desafios comuns, maturidades diferentes

Com atuação entre Europa e América Latina, Couto observa semelhanças e diferenças na forma como os mercados encaram os desafios do setor. A pressão por fazer mais com menos e a escassez de mão de obra qualificada são problemas globais.

Na Europa, contudo, a maturidade é maior: o FM já se conecta a indicadores estratégicos como produtividade, compliance e ESG. No Brasil, predominam processos manuais, mas isso, segundo ele, representa também uma oportunidade. “Quando o gestor brasileiro adota tecnologia, o salto de eficiência costuma ser muito mais rápido.”

Novas competências para o gestor do futuro

A entrevista reforça que tecnologia, sozinha, não resolve. O futuro do FM depende do desenvolvimento de novas competências humanas e estratégicas. Couto cita a liderança de equipes diversas, a análise de dados e a gestão de mudança cultural como habilidades essenciais.

Na Infraspeak, isso se traduz em iniciativas como o modelo de Customer Success e o programa champion-as-a-service, que ajudam empresas não apenas a usar a plataforma, mas também a conduzir a transformação cultural necessária. A comunidade Inside FM (IFM) complementa esse esforço, funcionando como espaço de troca entre líderes de Facilities, engenharia, operações e RH.

Exemplos concretos de impacto

Couto ressalta que a mudança já é visível em setores em que a experiência do cliente é crítica. No varejo, a manutenção preditiva evita falhas em sistemas de refrigeração, preservando estoques e a confiança do consumidor. Na hotelaria, garante que ar-condicionado e infraestrutura estejam sempre disponíveis, reforçando a satisfação dos hóspedes. E na saúde, pode literalmente salvar vidas ao assegurar a disponibilidade de equipamentos hospitalares.

“Quando o FM é estratégico e baseado em dados, ele não só reduz custos, mas amplia a experiência do cliente e impulsiona os resultados de negócio”, afirma.

Integração como chave para o futuro

Um ponto central na visão do executivo é que o FM só se torna estratégico quando consegue quebrar silos organizacionais. A Infraspeak nasceu com esse propósito: conectar gestores, técnicos, fornecedores e clientes em uma única plataforma colaborativa.

“Quando todos trabalham a partir da mesma informação, o alinhamento é natural, a transparência aumenta e as decisões são mais rápidas. O FM do futuro não vive sem isso”, reforça.

O que vem pela frente

Ao olhar cinco anos à frente, Couto acredita que o FM será marcado por uma automação cada vez mais avançada. A inteligência artificial vai eliminar tarefas repetitivas, liberando gestores para atuar em inovação e liderança.

O próximo passo, destaca, é digitalizar não apenas dados, mas também eventos. Isso significa que agentes autônomos poderão identificar gatilhos, tomar decisões e executar ações em tempo real, algo que já começa a ser realidade com o Gear AI 3.0.

“O futuro do FM será construído pela parceria entre gestores e tecnologia, num ciclo inteligente, colaborativo e preditivo. É essa visão que deve guiar a próxima década do setor”, conclui.

Fonte: Infra FM
Imagem: Pixabay

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